A exposição A Greve reúne 5 painéis de graffiti com a missão de transpor o filme de Eisenstein para uma pintura em telas e a partir destas telas apresentar outra forma possível do filme. O caminho foi o encontro entre as linguagens do Grafite e do cinema de modo que uma vá construindo a outra, um livro na mão e uma câmera na cabeça, num processo semiótico de inter-relação das linguagens.
A cultura periférica encontra-se ou dialoga com Eisentein, cineasta russo (1898-1948), no compromisso em representar a situação de seu povo operário, periférico e explorado cotidianamente nas suas relações de trabalho. O filme A Greve (1925) apresenta uma novidade, além da forma de montagem, substitui o herói individual por um coletivo, potencializando uma consciência de classe.
Na cultura periférica o herói individual ou o grande artista abre espaço para dividir de igual para igual o espaço com o filho da Dona Maria, não existe palco, existe uma roda que brota da cultura popular feita do povo para o próprio povo. Uma produção artística para ser intitulada como periférica, mas do que a questão estética que será influenciada por esta opção, tem necessariamente um compromisso com o seu povo evidenciando o confronto e o conflito de uma sociedade desigual.
A Greve de 1925 pode representar hoje a greve dos professores no Brasil, dos caminhoneiros na Argentina, a marcha dos mineiros na Espanha, das greves gerais na Grécia, do povo nas ruas do Egito, dos trabalhadores no Camboja. Uma outra possível atualização é a pauta recente do extermínio de jovens negros na periferia de São Paulo e do Brasil. Eisenstein é atual, seu espectro ronda nossa produção, seus filmes são modernos mais ainda filmados em preto e branco no cinema mudo.
Texto: Gil Marçal
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