domingo, 12 de agosto de 2012

Cineastas da periferia recriam o clássico de Eisenstein através do graffiti


As chaminés da fábrica estão em pleno funcionamento. Tudo parece calmo, mas está
começando uma conspiração: os trabalhadores preparam uma greve, que se inicia quando
o patrão acusa injustamente um trabalhador de roubar uma ferramenta. Os trabalhadores,
indignados, tomam a fábrica e saem às ruas. Os patrões não querem diálogo, ordenam à
policía reprími-los. Começa a repressão: execuções, medo, corpos amontoados uma série
de ações que refletem o horror e o desespero humano presentes em muitas páginas da
nossa história.

Está é uma breve sinopse do clásico filme de Sergei Eisenstein, A Greve de 1925, baseado
na repressão de uma greve operária em 1912, mas bem que poderíam representar hoje a
greve dos profesores no Brasil, dos caminhoneiros na Argentina, a marcha dos mineiros
na Espanha, das greves gerais na Grécia, do povo nas ruas do Egito, ou mesmo dos
trabalhadores no Camboja.

Artistas da periferia sul de São Paulo entenderão essa dimensão universal da obra de
Eisenstein e conceberam uma recrição da Greve através do graffiti. Beto Silva pintou as
cenas do filme em cinco painéis de 5 metros por 2,5 de altura cada um, e por sua vez, os
cineastas David Alves e Alisson da Paz devolveram aos painéis a linguagem audiovisual na
forma de um curta-metragem baseado nas imagens de Beto.

As impressionantes imagens da obra em preto e branco apenas são quebradas pelo
vermelho do sangue. Os artistas aproximam a obra do cineasta soviético à outras
importantes referências do cinema e da pintura presentes na memória coletiva. A crítica
da produção fábril presente em Tempos Modernos de Charles Chaplin, a violência
implícita do sistema que nos remete a obra Pogrom de Lasar Segall, os fuzilamentos
de 3 de maio pintados por Goya, e as expressões do desespero humano que recordam
a Guernica de Picasso. Tanto a exposição como o filme se excedem em criatividade,
aproximação e experimentação das linguagens do cinema e do graffiti. Vale a pena
conferir.

A exposição estará aberta ao público de 21 de agosto até 02 stembro na unidade
do SESC Santo Amaro durante o seminário Estéticas da Periferia.

www.sescsp.org.br
www.esteticasdaperiferia.org.br

www.agreve.blogspot.com

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